domingo, 15 de novembro de 2009

VEJAM ARTIGO DA REVISTA CONSULTOR JURÍDICO DE 14/11/2009

www.conjur.com.br
www.conjur.com.br/.../historia-guarda-civil-espera-veredicto-50-anos

Julgamento póstumo

A história do homem que espera veredicto há 50 anos.

Por Fernando Porfírio

Uma absolvição, uma condenação, três revisões criminais e, 50 anos depois, mais confusão e dúvidas judiciais. Essa história envolve o maior tribunal do país — o Tribunal de Justiça de São Paulo — a mais importante seção criminal — o 3º Grupo de Câmaras —, tanto pelo volume de processos como pela qualidade de suas decisões, e a memória de um simples guarda civil, casado, que, no horário do almoço, se dirigia de casa para o trabalho.

Era quase meio dia de 22 de janeiro de 1957 quando o guarda civil Mauro Henrique Queiroz, com sua farda azul marinho e a placa de metal no peito com seu número de identificação, pegou um ônibus apinhado de gente, que fazia a antiga Linha 122, da Vila Galvão, em Guarulhos (SP). Na altura da avenida da Cantareira, na Zona Norte da capital paulista, o guarda, sem nenhum motivo, teria aberto o zíper da calça, retirado o pênis e o esfregado no braço de Sônia Brasil, uma garota então com 11 anos.

A suposta conduta ilícita, aceita pela Justiça paulista, foi presenciada, além da vítima, por um grupo de policiais da antiga Força Pública. As duas corporações viviam em pé de guerra e ficaram assim até o início da década de 1970. Os soldados da chamada Força Pública eram conhecidos como “meganhas” e os da guarda civil, de “guanapas”. A primeira era a tropa de choque com seu tradicional uniforme cáqui.

Dois anos depois, o juiz João Estevam Siqueira Júnior, com base nas provas colhidas pelos soldados da Força Pública, com o testemunho de um homem e de uma mulher e das declarações de Sonia Brasil, absolveu o guarda civil com a tese de insuficiência de provas (artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal). O Ministério Público recorreu da sentença. O extinto Tribunal de Alçada Criminal reformou a decisão e condenou Mauro Queiroz com base na declaração da vítima Sônia Brasil e de duas outras testemunhas: Mario Marcelo e Benedita Ferreira. Ele também perdeu o cargo na Guarda-Civil. Foram apresentadas duas revisões criminais e todas, rejeitadas pelo tribunal. Morreu em 5 de janeiro de 1998 de câncer no pâncreas, mas nunca se conformou com a condenação.

Em 2007, nove anos depois da morte de Queiroz, a sua família ingressou com nova revisão, argumentando que havia fatos novos a comprovar a inocência do guarda civil. A novidade era a retratação da vítima, Sônia Brasil, agora uma senhora sexagenária. Ela não confirmou a versão apresentada por um grupo de policiais militares que também estavam no ônibus. Sonia contou que o guarda civil não praticou nenhum ato obsceno e que, à época, foi forçada pela avó a incriminá-lo. “Mauro é inocente de ter feito coisas que não se deve fazer com uma criança dentro do ônibus.”O Ministério Público apresentou parecer, assinado pelo procurador de Justiça Júlio César de Toledo Piza, que se manifestou a favor do pedido revisional. A tese de Toledo Piza não foi a existência ou não de provas do delito, mas a inexistência do fato narrado na denúncia.

Segundo o procurador de Justiça, a condenação teve como fundamento depoimentos falsos. “Inicialmente, é de se destacar a reduzida possibilidade da ocorrência do crime de ato obsceno pelo qual Mauro acabou sendo condenado”, disse Toledo Piza. O procurador se recusava a acreditar na versão apresentada pela vítima e testemunhas. “Isso porque não se pode acreditar que Mauro, guarda civil há nove anos, fardado, com ficha funcional exemplar, casado, com filho, no horário de almoço, indo para o trabalho num ônibus cheio, se desse ao desfrute de colocar o seu membro viril para fora das calças, para esfregá-lo no braço de uma menina de 11 anos que estava sentada em um dos bancos do coletivo”, sustentou o procurador de Justiça. Para Toledo Piza, seria preciso que o guarda civil estivesse louco para praticar o ato aceito pela Justiça.

O procurador defendeu o argumento de que a denúncia foi decorrência de percepção errada da testemunha Mario Marcelo, que estava sentado atrás da vítima. “Agora, entretanto, 50 anos depois dos fatos, uma viúva dedicada e seus dois filhos, família da qual o falecido Mauro Henrique Queiroz certamente podia se orgulhar, ofereceram a presente revisão criminal para reabilitar a imagem do marido e pai, postulando sua absolvição por estar provada a inexistência dos fatos”, completou o representante do MP.

Erro do erro

Na quinta-feira (12/11), o 3º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu anular o julgamento de revisão criminal do guarda-civil Mauro Henrique Queiroz, condenado em 1959 a seis meses de prisão por ato obsceno. No último julgamento de revisão do caso, em janeiro de 2008, os desembargadores decidiram, por 12 votos a dois, rejeitar o pedido dos familiares do guarda-civil.

O desembargador Pedro Gagliardi classificou como “inverossímil” a narrativa dos fatos feita na denúncia do Ministério Público, com base nos depoimentos de testemunhas. Para ele, os depoimentos conferem “pouca credibilidade” às imputações apontadas da denúncia. “Efetivamente não se mostra crível que um guarda civil na função há quase uma década, fardado, com ficha funcional imaculada e família constituída, no interior de um coletivo lotado e acompanhado de diversos policiais da Força Pública, iria colocar seu pênis para fora das calças e esfregá-lo no braço de uma criança de 11 anos”, opinou Gagliardi. Junto com ele, votou pela revisão e absolvição do réu o desembargador Carlos Biasotti.

Apesar disso, os desembargadores que fizeram a revisão do caso entenderam por manter o resultado anterior. Só que, na hora de publicar o resultado do julgamento, foi levado em conta o voto vencido do desembargador Pedro Gagliardi a favor da absolvição de Queiroz.

Em 16 de setembro, o caso de reparação de erro judiciário pelo TJ-SP foi citado durante o julgamento de um caso similar pelo advogado Daniel Bialski, conforme a ConJur noticiou à época. A absolvição chegou a ser festejada pela família Queiroz, mas chamou a atenção da Presidência do tribunal, que detectou o engano na publicação do resultado.

Na sessão de quinta do 3º Grupo de Câmaras, formado pelas 5ª e 6ª Câmaras, os desembargadores decidiram cancelar a tira do julgamento publicada equivocadamente e anular o próprio julgamento. Da anulação, foram notificados os juízes titulares da 14ª Vara Criminal e da 14ª Vara da Fazenda Pública, onde tramitam ações referentes ao caso do guarda-civil.

Fernando Porfírio é repórter da revista Consultor Jurídico
Revista Consultor Jurídico, 14 de novembro de 2009

AMIGOS, PENSO QUE TEMOS QUE APOIAR A CAUSA DESTE GUARDA CIVIL, JÁ FALECIDO. OS JORNAIS, HÁ VÁRIAS SEMANAS, ESTÃO ENVOLVIDOS NA DISCUSSÃO DESTE CASO. O MUNDO JURÍDICO, TAMBÉM! FALTA NÓS ENTRARMOS! O ADVOGADO DA FAMÍLIA ESTA PEDINDO APOIO E SOLIDARIEDADE DOS ATUAIS HOMENS DA FARDA AZUL MARINHO.

OS GRIFOS E NEGRITOS NO TEXTO ACIMA FORAM POR MIM COLOCADOS, MAS O TEXTO PERMANECE NA INTEGRA COM ENDEREÇO ELETRÔNICO CITADO NO TOPO DO TEXTO PARA VOCÊS CONFERIREM.

NÃO VAMOS DEIXAR A FAMÍLIA DE NOSSO FALECIDO IRMÃO DE FARDA SOZINHO NESTE TIROTEIO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! SE MANIFESTEM EM SEU SITES! REPASSEM ESTE EMAIL PARA OS COLEGAS! PESQUISEM, PUBLIQUEM E COMENTEM

AS NOTÍCIAS DE JORNAIS SOBRE ESTE CASO! NÓS, E NOSSAS ASSOCIAÇÕES, PODEM SE COMUNICAR COM O ADVOGADO DA FAMÍLIA DO GUARDA CIVIL MAURO, DR ÁLVARO NUNES JUNIOR, PELO ENDEREÇO ELETRÔNICO E OFERECER APOIO: alvnunes@terra.com.br

VAMOS A LUTA AMIGOS!
ABRAÇOS, OBRIGADO!



5 comentários:

  1. Espero que este erro seja corrigido e a familia do nobre Guarda Civil receba todo devido respeito pelos fatos aqui apresentados e agradecer ao nobre colega pelo envio deste e-mail muito importante.

    ResponderExcluir
  2. Guarda Mauro
    "Os familiares do guarda civil Mauro Henrique Queiroz ('Família vai recorrer contra condenação de ex-guarda', Cotidiano, 15/11) recorrerá aos tribunais superiores em Brasília para inocentá-lo, depois de apresentada a prova testemunhal em vida --que teria sido sua vítima--, Sônia Brasil, 64, afirmando que ele foi vítima de uma sórdida mentira e, por sua vez, do erro judicial que precisa ser corrigido.
    Mais uma vez fica o questionamento: 'Até quando perdurará esse erro judiciário?' E assim caminhamos, com a Justiça cometendo erros judiciários e os responsáveis sempre ficando no anonimato e incólumes de suas responsabilidades perante a lei.
    À memória do guarda civil Mauro Henrique Queiroz, e para a tranquilidade de sua família, é preciso que este erro seja reparado e o senhor Mauro reconduzido ao seu posto 'in memoriam'."

    RUBENS CALDARI, presidente da Associação Comunitária do Bairro São Dimas (São Paulo, SP)
    "Folha On Line" 18/11/2009 2h30min

    ResponderExcluir
  3. MEUS QUERIDOS AMIGOS:

    EU lamento informar que numa atitude totalmente arbitrária do TJ, houve uma audiencia de "novo" julgamento do falecido Mauro Henrique Queiroz,onde alguns desembargadores 'MODIFICARAM SEUS VOTOS" A FIM DE MANTER A CONDENAÇÃO DO INFELIZ SOLDADO, JOGANDO SUA FAMÍLIA NOVAMENTE NO OSTRACISMO, NA DESONRA, NA INDIGNAÇÃO. Pode parecer incrível mas é real, o Tribunal "mudou" o Acórdão que absolvia Mauro, ignorou o depoimento da suposta vítima SONIA BRASIL, que desde o início da batalha, foi categórica em afirmar a inocência de Mauro, vítima de um ardil elaborado pela "canalhada" da época (1957) e, pasmem, corroborado novamente pela atitude arbitrária que ocorreu na 3ª Camara de Direito Criminal na data de hoje.
    Coloco-me à disposição de qualquer pessoa para esclarecer o que fizeram com a família, é só mandar um e-mail para alvnunes@terra.com.br,
    Agradeço a enorme solidariedade e apoio que dispensaram ao caso, mas ainda não acabou, necessito do precioso apoio de todos para se fazer justiça a um inocente, apesar das\atitudes arbitrárias da nossa Justiça.

    Cordialmente.
    Dr. Álvaro Nunes Júnior .'.
    Advogado da família.
    Repassem para seus contatos na internet.

    ResponderExcluir
  4. Será que a Justiça ficou tão cega a ponto de não admitir a Verdade. Quando isto acontece, a Democracia está com sérios problemas.
    Eu gostaria de ter conhecido este valente Guarda Mauro. Só ele para falar de todo seu sofrimento. Talvez, tudo isto veio à tona devida a vontade do Criador. Agora, todos nós estamos sabendo como Juízes do TJSP estão "trabalhando". Isto pode ser a explicação dos 50 anos de Injustiça.
    Mauro, onde você estiver, tenha meu respeito!

    ResponderExcluir
  5. Este caso me fez lembrar uma música que dizia: "é o avesso do avesso do avesso...".
    A Justiça desrespeitando o cidadão! E, os órgãos que deveriam questionar está atitude irregular ficam mudos. A OAB, e o Ministério Público, não se manifestaram contra todas estas irregularidades do TJSP.
    Isto é o Corporativismo agindo contra o cidadão! E o cidadão pagando toda a conta em dinheiro e sofrimento eterno (por enquanto, só 53 anos!).

    ResponderExcluir

Faça um comentário

Constituição Federal:
Art. 1º / inciso IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vetado o anonimato;

O seu comentário é uma ferramenta importante para o aprimoramento deste blog. Porém, deverá seguir algumas regras:

1 - Fica vetado o anonimato;
2 - O comentário deverá ter relação com o assunto em questão.
3 - Não serão aceitos comentários que denigram o nome da corporação ou de seus integrantes.
4 - Comentários inapropriados serão retirados pelo editor do blog sem prévio aviso.

OBS.: Verificar Página Termos de Uso - Ao enviar o seu comentário, fica confirmado ter conhecimento da política de uso deste blog.

A equipe do Blog agradece !!!