SÔNIA BRASIL, HOJE COM 64 ANOS, NEGA TER SIDO ASSEDIADA PELO GUARDA
Advogado vai pedir revisão da sentença a ex-policial, em 1959, por ato obsceno
Mauro Queiroz foi condenado por se esfregar em menina dentro de ônibus, mas a vítima, hoje com 64 anos, afirma que ele é inocente.
ROGÉRIO PAGNAN DA REPORTAGEM LOCAL
A família do ex-guarda Mauro Henrique Queiroz recorrerá aos dois tribunais superiores em Brasília (STJ e STF) para tentar provar sua inocência. Queiroz, que morreu em 1998, foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por um crime que a própria vítima diz que ele não cometeu. A ação é movida pela viúva e pelos dois filhos do casal. Segundo o advogado Álvaro Nunes Júnior, defensor da família, o recurso ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pedirá a absolvição do réu porque tem como testemunha a própria vítima. Ao STF (Supremo Tribunal Federal), pedirá a manutenção do acórdão publicado anteriormente, que declarava a inocência de Mauro, mas foi modificado anteontem pelo TJ.
Para o advogado Ives Gandra Martins, um dos principais constitucionalistas do país, a família tem grandes chances de sair vitoriosa em Brasília porque trata-se de um evidente caso de erro judicial. "Para mim, sem analisar o mérito, no momento em que a vítima confessa que ele não cometeu crime nenhum, houve um erro judicial que terá de ser corrigido. O acórdão de 2008 corrigia esse erro", disse o advogado. O acórdão mencionado por Martins foi publicado em março de 2008 e declarava a inocência do ex-policial. O documento estava, porém, errado. Em sessão realizada na quinta, a pedido do desembargador Damião Cogan, a 3ª Câmara aprovou a mudança do documento.
Cogan pediu a mudança após ver reportagem da Folha no dia 1º sobre a luta da família Queiroz em recuperar a honra do ex-guarda Mauro. Até o final da tarde de sexta-feira, o Tribunal de Justiça não sabia informar qual a justificativa dos desembargadores para negar a inocência do ex-policial. "Essa questão só poderá ter resposta quando da publicação do acórdão", diz mensagem enviada pelo tribunal. O documento deve ser publicado em dez dias.
Luta Mauro foi condenado em julho de 1959 porque, para o TJ paulista, em 22 de janeiro de 1957 ele tirou o pênis dentro de um ônibus lotado e esfregou o membro no braço de uma menina de 11 anos. Ele estava em pé e a menina sentada.
Na época, ele pertencia à extinta Guarda Civil de São Paulo. Dentro do ônibus estavam ainda outros seis policiais da rival Força Pública. Nenhum desses, nem mesmo os dois que estavam ao seu lado e que o prenderam, disseram ter visto o fato. A condenação foi baseada numa testemunha, Mário Marcelo, e numa declaração atribuída à vítima, Sônia Brasil. A condenação foi, porém, imposta pelo TJ (que não tiveram acesso às testemunhas), com voto do relator desembargador Humberto Nova. O juiz de primeira instância, João Estevam de Siqueira Júnior, o absolveu, no início de 1959, "sob pena de praticar grave erro judiciário".
Mauro tinha 29 anos, estava casado havia pouco mais de um ano, tinha um filho de nove meses e uma carreira policial de nove anos cheia de elogios. Prestava serviços no Palácio da Justiça, na região central. "Embora portador de bons antecedentes, o acusado deixou entrever de má formação de caráter e o crime se deu em circunstâncias particularmente graves e dispunha até de idoneidade para corromper", diz trecho da sentença de seis anos de prisão, convertidos em liberdade vigiada de dois anos.
Meses antes de morrer, vítima de câncer, Mauro contou ao filho Amauri essa sua situação de condenado, um segredo guardado havia quase 40 anos, e ganhou ali um aliado na busca de sua inocência. Apenas sete anos depois da morte de Mauro, a família conseguiu encontrar Sônia que disse tudo foi uma armação. "Mauro é inocente", repetiu ela à Justiça. Tudo não passou, segundo ela, de uma farsa que teve a participação da sua avó, que acompanhava. "Minha avó deve estar no inferno", afirmou Sônia à Folha, hoje ao 64 anos.
Além do testemunho da vítima, o TJ desprezou o parecer do procurador Júlio César de Toledo Piza, do Ministério Público (que em tese deveria pedir a condenação do réu), que em oito folhas descreve a dinâmica do suposto crime, analisar os testemunhos e se manifesta pela absolvição do réu. "Não por insuficiência de provas, como as provas da época permitiram ao juízo monocrático, mas por estar provada a inexistência de fato, [...], permitindo também que a família de Mauro tenha orgulho do falecido marido e pai", finaliza.
Fonte: Folha de S. Paulo - 15/11/2009
Advogado vai pedir revisão da sentença a ex-policial, em 1959, por ato obsceno
Mauro Queiroz foi condenado por se esfregar em menina dentro de ônibus, mas a vítima, hoje com 64 anos, afirma que ele é inocente.
ROGÉRIO PAGNAN DA REPORTAGEM LOCAL
A família do ex-guarda Mauro Henrique Queiroz recorrerá aos dois tribunais superiores em Brasília (STJ e STF) para tentar provar sua inocência. Queiroz, que morreu em 1998, foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por um crime que a própria vítima diz que ele não cometeu. A ação é movida pela viúva e pelos dois filhos do casal. Segundo o advogado Álvaro Nunes Júnior, defensor da família, o recurso ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pedirá a absolvição do réu porque tem como testemunha a própria vítima. Ao STF (Supremo Tribunal Federal), pedirá a manutenção do acórdão publicado anteriormente, que declarava a inocência de Mauro, mas foi modificado anteontem pelo TJ.
Para o advogado Ives Gandra Martins, um dos principais constitucionalistas do país, a família tem grandes chances de sair vitoriosa em Brasília porque trata-se de um evidente caso de erro judicial. "Para mim, sem analisar o mérito, no momento em que a vítima confessa que ele não cometeu crime nenhum, houve um erro judicial que terá de ser corrigido. O acórdão de 2008 corrigia esse erro", disse o advogado. O acórdão mencionado por Martins foi publicado em março de 2008 e declarava a inocência do ex-policial. O documento estava, porém, errado. Em sessão realizada na quinta, a pedido do desembargador Damião Cogan, a 3ª Câmara aprovou a mudança do documento.
Cogan pediu a mudança após ver reportagem da Folha no dia 1º sobre a luta da família Queiroz em recuperar a honra do ex-guarda Mauro. Até o final da tarde de sexta-feira, o Tribunal de Justiça não sabia informar qual a justificativa dos desembargadores para negar a inocência do ex-policial. "Essa questão só poderá ter resposta quando da publicação do acórdão", diz mensagem enviada pelo tribunal. O documento deve ser publicado em dez dias.
Luta Mauro foi condenado em julho de 1959 porque, para o TJ paulista, em 22 de janeiro de 1957 ele tirou o pênis dentro de um ônibus lotado e esfregou o membro no braço de uma menina de 11 anos. Ele estava em pé e a menina sentada.
Na época, ele pertencia à extinta Guarda Civil de São Paulo. Dentro do ônibus estavam ainda outros seis policiais da rival Força Pública. Nenhum desses, nem mesmo os dois que estavam ao seu lado e que o prenderam, disseram ter visto o fato. A condenação foi baseada numa testemunha, Mário Marcelo, e numa declaração atribuída à vítima, Sônia Brasil. A condenação foi, porém, imposta pelo TJ (que não tiveram acesso às testemunhas), com voto do relator desembargador Humberto Nova. O juiz de primeira instância, João Estevam de Siqueira Júnior, o absolveu, no início de 1959, "sob pena de praticar grave erro judiciário".
Mauro tinha 29 anos, estava casado havia pouco mais de um ano, tinha um filho de nove meses e uma carreira policial de nove anos cheia de elogios. Prestava serviços no Palácio da Justiça, na região central. "Embora portador de bons antecedentes, o acusado deixou entrever de má formação de caráter e o crime se deu em circunstâncias particularmente graves e dispunha até de idoneidade para corromper", diz trecho da sentença de seis anos de prisão, convertidos em liberdade vigiada de dois anos.
Meses antes de morrer, vítima de câncer, Mauro contou ao filho Amauri essa sua situação de condenado, um segredo guardado havia quase 40 anos, e ganhou ali um aliado na busca de sua inocência. Apenas sete anos depois da morte de Mauro, a família conseguiu encontrar Sônia que disse tudo foi uma armação. "Mauro é inocente", repetiu ela à Justiça. Tudo não passou, segundo ela, de uma farsa que teve a participação da sua avó, que acompanhava. "Minha avó deve estar no inferno", afirmou Sônia à Folha, hoje ao 64 anos.
Além do testemunho da vítima, o TJ desprezou o parecer do procurador Júlio César de Toledo Piza, do Ministério Público (que em tese deveria pedir a condenação do réu), que em oito folhas descreve a dinâmica do suposto crime, analisar os testemunhos e se manifesta pela absolvição do réu. "Não por insuficiência de provas, como as provas da época permitiram ao juízo monocrático, mas por estar provada a inexistência de fato, [...], permitindo também que a família de Mauro tenha orgulho do falecido marido e pai", finaliza.
Fonte: Folha de S. Paulo - 15/11/2009
Guarda Mauro
ResponderExcluir"Os familiares do guarda civil Mauro Henrique Queiroz ('Família vai recorrer contra condenação de ex-guarda', Cotidiano, 15/11) recorrerá aos tribunais superiores em Brasília para inocentá-lo, depois de apresentada a prova testemunhal em vida --que teria sido sua vítima--, Sônia Brasil, 64, afirmando que ele foi vítima de uma sórdida mentira e, por sua vez, do erro judicial que precisa ser corrigido.
Mais uma vez fica o questionamento: 'Até quando perdurará esse erro judiciário?' E assim caminhamos, com a Justiça cometendo erros judiciários e os responsáveis sempre ficando no anonimato e incólumes de suas responsabilidades perante a lei.
À memória do guarda civil Mauro Henrique Queiroz, e para a tranquilidade de sua família, é preciso que este erro seja reparado e o senhor Mauro reconduzido ao seu posto 'in memoriam'."
RUBENS CALDARI, presidente da Associação Comunitária do Bairro São Dimas (São Paulo, SP)
Folha on Line 18/11/2009 2h30min
Esta história é impressionante! Parece que estamos vendo um filme de cinema! Mas, o que mais me surpreende, é o empenho de parte dos juízes em manter a condenação deste valoroso Guarda Civil. A falsa vítima já declarou a não ocorrência do crime. PORQUE, ENTÃO, SE MANTER A CONDENAÇÃO? O Ministério Público defende a absolvição em 8 folhas. PORQUE, ENTÃO, SE MANTER A CONDENAÇÃO?
ResponderExcluirDevemos, diante disso, fazer uma pesquisa (na Internet) do perfil de cada um desses Meritíssimos, procurando as respostas a nossa pergunta. Talvez ali, encontremos nossas respostas! VAMOS TENTAR?
EU NUNCA VI ISTO! ESTES JUÍZES ESTÃO VIOLANDO AS NORMAS JURÍDICAS DO PAÍS. SE DESCONHECE O DEPOIMENTO DA SUPOSTA VÍTIMA, SE DESCONHECE O PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO, SE DESCONHECE UMA DECISÃO COM TRÂNSITO EM JULGADO HÁ MAIS DE 1 ANO.
ResponderExcluirPORQUE SE MANTER A CONDENAÇÃO DESTE GUARDA CIVIL?
CABE AO ILUSTRE PROCURADOR JÚLIO CESAR DE TOLEDO PIZA TOMAR PROVIDÊNCIAS CONTRA TODAS ESTAS ARBITRARIEDADES.
Será que estou entendendo? A falsa vítima diz que nunca houve o crime e os juízes resolvem continuar punindo um homem acusado injustamente e inocente?
ResponderExcluirEstes juízes estão querendo que as pessoas se voltem contra as instituições deste país? Qual seu interesse na manutenção desta vergonha?
APESAR DE TODOS OS NOSSOS ESFORÇOS, O HAITI CONTINUA SENDO AQUI!
Está completamente provado que o Guarda Mauro caiu numa cilada repugnante. Não tenho palavras para dizer o quanto estou enojado com as pessoas que fizeram isto. Estragar a vida de uma rapaz de 29 anos que nunca mais se desassociou deste episódio.
ResponderExcluirEste sim é o crime, não da menina, hoje com 64 anos, mas de outras pessoas que tinham o exato conhecimento da gravidade de uma denúncia deste tipo e eram completamente despossuídas de caráter.
É vergonhoso que hoje, após toda a população tomar ciência deste "canalhice", o TJSP insista em continuar punindo este inocente e acobertando os reais bandidos. Comportamento que vem sendo usado já há 50 anos.
É ESTA A JUSTIÇA QUE ALMEJAMOS PARA NOSSO PAÍS?
UM POLICIAL DA QUERIDA GUARDA CIVIL DE SÃO PAULO NÃO DEVERIA ESTAR SOFRENDO UMA CALÚNIA COMO ESTA. ESTA QUADRILHA MONTOU UMA SÓRDIDA FARSA CONTRA ESTE HOMEM. ESTES ELEMENTOS DA FORÇA PÚBLICA, ALÉM DE SEREM DESUMANOS, FORAM BANDIDOS FARDADOS. E HOJE, ALGUNS DE SEUS ADMIRADORES TENTAM ILEGALMENTE MANTER ESTA INJUSTIÇA.
ResponderExcluirRIDÍCULO, DESUMANO, VERGONHOSO, VIL, DESONESTO!