terça-feira, 10 de dezembro de 2013

10/12/13 - Por  Tadeu Ege: Sei que a imagem é forte, mas quero provocar você, ai confortável esperando as festas de fim de ano: Foi sepultado nesta manhã meu irmão de farda Luciano, da minha unidade no Bom Retiro, executado, enquanto se dirigia ao serviço e; em razão do serviço que prestava ao poder público. O quinto parceiro executado em menos de um mês. Isso porque não quero choca-lo mais, contando quantos Guardas Civis 

 




Metropolitanos, Policiais Militares e Agentes Penitenciários foram executados este ano. São números de guerra. Mais uma vez voltei ao Cemitério da Saudade para enterrar um companheiro, que cerrou ombros ao meu lado em patrulhas nos ermos territórios de ilegalidade da Cidade de São Paulo, hoje empiricamente comandada pelo crime, não sei se tão organizado assim. 


O 2 ª Classe Luciano era um cara forte mesmo; além de fazer 15 barras fixas antes de cada plantão e" puxar" 14 horas de serviço em pé na Cracolândia sem reclamar. Tinha dois, e já chegou a ter três empregos. 


Se hoje aquela família cristã, com uma criança e um bebe de 3 meses, chora a morte de seu ente tão amado e querido, que devido ao salário de explorado, tinha que se desdobrar para realizar seus sonhos, mesmo que materiais; HONESTOS; A culpa é do Estado Brasileiro! Foi em nome do poder público que ele se tornou um inimigo na região em que vivia. O fato de ser integrante da Guarda Civil Metropolitana, o transformou em uma espécie de troféu aos criminosos mais sádicos. Chegamos a este nível de barbárie na nossa luta que não é de classe, é de castas. Nosso subdesenvolvimento deixou de ser material faz tempo, ele é essencialmente moral. 

Foto: Tadeu Ege



Hoje chorei muito, e me revoltei intimamente com nossa formação social; cheguei a conclusão que as lagrimas do fardado são duas vezes mais doídas que a do paisano. Choramos como todo mundo a morte daquele amigo com quem você dava risadas, que contava piadas e que te conhecia de verdade sem mascaras, enfim um amigo. 

Mas só nós, independente do ente federativo ao qual está servindo, que ostentamos nos ombros a bandeira do Poder Estatal, em sua missão ainda civilizatória, numa sociedade selvagem; Sabemos, o quão desagradável é a sensação de não ter amanhã. 

Uma boa passagem meu parceiro, seguramente o conforto da inexistência será melhor que nossos dias na terra.

A você nesta manhã, prestamos nossa mais honesta e respeitosa continência.

Forte Abraço a Todos.
Tadeu Ege.


Fonte: facebook

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